segunda-feira, 6 de abril de 2009

"Arrumando as Malas"

Quem é que nunca se deparou com as dificuldades ao arrumar uma mala?
Antes de mais nada, não se trata de uma postagem de dicas de viajem..rs.. ou melhor, pode sim ser vista como, porém maior auxílio dará ao pensar no dia-a-dia, nas malas que insistimos em carregar para viver.

Iniciei minha vida “cigana” bastante cedo, seja pelo futebol na infancia ou meus ensaios de triatletismo na adolescência, e mais tarde ao vir para o Rio e daí em diante sempre perambulando “..onde o povo está.”. Em um determinado momento comecei a perceber que quanto mais coisas eu levo, menos eu aproveito, pois maiores são as preocupações e o fato de estar “levando” acaba limitando muito meus passos.

Logo que cheguei ao Rio, era a mesma coisa sempre viajava com bolsas mais bolsas e malas mais malas, ou seja, totalmente limitado. Iria passar um final de semana em casa(ES) e lá ia eu com minhas bolsas, como tudo na vida passei a me questionar sobre, afinal levava muito coisa para “por acaso” viesse precisar, ou seja 60% era em vão. Daí em diante a “ficha caiu”, pelo costume que me foi passado essa era a natureza real da situação... mas como realmente não sou um ser normal( como já descrevi algumas vezes o “ser” artista é um ser anormal), tenho que dar um novo conceito á isso, adaptar á minha natureza. Não viajo hoje com mais de uma mochila, bom, na verdade apenas o “filho” vem de tira colo ..rs.. o violão, esse “peso” faço questão em levar... passei a aproveitar muito mais de tudo.

E daí?
...onde quero chegar é justamente no sentido psicológico da questão. Passei a enxergar minha vida como uma eterna viagem, minha personalidade/caráter como minha mala e meus pensamentos como minhas bagagens. Como se estivesse dando um volta ao mundo, um belo “mochilão” em que tudo o que precisasse teria que estar carregando, pode estar livre quanto á quantidade de bagagem, neste passeio não há excesso de carga. Aos poucos vamos ver que há lugares maravilhosos que passamos, imagens lindas que observamos, grandes pessoas que conhecemos, grandes ensinamentos que tiramos. Começamos a perceber também que por estarmos com nossa carga grande e pesada, não podemos nos movimentar muito, observamos tudo á distancia... não podemos deixar em algum local, pois a preocupação nos impedirá de conseguir “viver” o momento presente... não estaremos também livre para podermos conhecer certos locais/pessoas, por não saber da dificuldade de chegada... mas de uma coisa é certa, quanto mais leve for essa bagagem, mais iremos aproveitar ... mais iremos estar “soltos”, mais iremos “viver” ... sempre lembro da imagem de um amigo uma vez em um aeroporto em Porto Alegre, preso em suas malas enquanto saímos para conhecer um local que havíamos escutado a pouco com uma conversa da qual ele mesmo não estava participando, estávamos todos com mochilas passeando, já ele com duas “malas” sentado aguardando por 3horas no aeroporto... um verdadeiro “cão preso ás correntes”.

As vezes nos julgamos muito, nos inferiorizamos muito encontrando apenas nos outras certas qualidades, a tradicional síndrome pessimista, isso é péssimo para você e também para quem convive, se é que alguém ainda agüenta. As bagagens são justamente o que queremos levar conosco por onde andamos, com isso, passamos a preencher nossas malas com pensamentos negativos, situações negativas passadas que eternizamos... “Jogue esse troço fora ... pelo amor de Deus!” ... quanto maiores e mais pesadas forem nossas tralhas como: auto-críticas, situações inacabadas, falta de perdão, inimizades, rancores, sonhos não realizados, ... menos vamos conseguir aproveitar os mais belos momentos de nossa viajem, pena que muitos, os poucos que percebem, percebem já muito tarde, no momento em que a bagagem já esta integrada ao corpo... passando a se chamar, também “peso da idade”... afinal, qual seria a diferença entre um jovem super-ativo com seus 82 anos e um idoso inativo com seus 60? ... o jovem com certeza soube lidar melhor com sua bagagem no decorrer da vida, isso é fato!
Existem pessoas, situações e momentos que nos fazem sentir menos esta carga, seja com uma conversa, uma observação, um ponto de vista que nos é dado, um abraço, um “desculpe”, um simples perdão e um muito obrigado. O perdão é realmente uma bagagem que muitos possuem, e nunca é utilizada... aquela “blusa de frio grossa e pesada” que ocupa boa parte da mala e fazemos questão de levar para praia, com um calor de 40°. Aquela situação que vivenciamos desde a adolescência e que ainda nos persegue( olha as tralhas ai), seja com amigos, colegas ...ou o que é mais que comum e inacreditável... com um pai e uma mãe!... basta um perdão para se livrar de uma grande e pesada carga... mas que é que se preocupa com isso?... infelizmente a humanidade não se preocupa com essas “baboseiras”, vestem-se nas forças do ego e sentem-se os próprios “super-man’s” ... na verdade não passam de rascunhos mal feitos de “Clark Kent’s”.

Entretanto, antes de se preocupar em perdoar os outros, o maior peso que podemos nos livrar se dá ao perdoarmos a nós mesmos. Aquela “burrada” que fizemos que vira-e-mexe nos vem a mente nos deixando para baixo, aquele sonho que temos que nunca colocamos como meta, mas insistimos em deixar em mãos do nosso Parceiro lá em cima, que já esta lhe dando saúde, o principal fator que precisa para ir atrás, e como diria Chaplim: “..e não adianta sonhar se você não lutar.”... então se perdoe, e deixe de ser eu maior carrasco, na verdade nossa Criptonita está sempre ao lado de nosso Espinafre... bastamos nos sensibilizar para nossos olhares internos, que se não, nascem e morrem cegos. Como diria Saramago “É que vocês não sabem, não o podem saber, o que é ter olhos num mundo de cegos.”
“ Arrumamalaê e vamo que vamo” ..rs


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